terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sobre o tempo...

Um dia acordei e era setembro! 
Agosto tinha passado como um vento 
e aquela folhinha do calendário já não servia mais.

Aquele dia passou; chegou a noite,
depois outro dia, depois outro...e outro...
Fui me dando conta de que o tempo agora era outro.
Tinha uma face distinta.
Tudo agora era setembro!

O sol não mais brilhava como antes;
seu calor era mais intenso, seu amarelo mais setembro.
Nada era igual, tudo era oposto; nada mais era agosto.

Os gostos e aromas, as cores e as dores, os amores e temores,
todos vinham à mim numa brisa suave, num calor mais intenso.
Tudo agora era setembro!

Sem me dar conta, veio um vento forte que varreu o setembro pra lá
e arrancou mais uma folha do calendário
A porta se abriu; outrubro chegou!
Um tanto mais quente, um pouco mais úmido.

Veio confirmar e aprofundar, clarear e aperfeiçoar
as dores e cores, temores e amores
de uma semente setembro 
que florescia outubro.


Vanessa Lima

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Naqueles dias!

Sabe quando você acorda "naqueles dias"?
Naqueles dias em que, ao abrir os olhos, sente que não queria acordar, mas como já acordou, tenta dormir de novo...o sono não vem...
Nesses dias em que não se tem vontade levantar da cama...,pentear o cabelo, tomar café...não por preguiça, mas por não ter vontade, por sentir o coração triste, angustiado...,nublado como o céu que você avista pela janela do quarto num desses dias.
Aquele dia em que você não quer ser você; não quer ser nada; sente o corpo cansado por carregar o peso de ser você todos os dias...; sem poder exitar mais, você levanta da cama, vai lavar o rosto, escovar os dentes...senta-se a mesa pra tomar o café; não sente fome,mas come alguma coisa...

O dia vai passando...muito lentamente; minuto a minuto...nehuma alegria, nenhuma vontade, nenhum contentamento...
Tudo está cinza! Nada faz sentido! Nada vale à pena...!
Seus fracassos passados vêm à tona, suas limitações parecem maiores e insuperáveis...e isso dói; apenas dói...;levantar? lutar? superar? Nesses dias, "naqueles dias", só se quer sentar e chorar, sofrer, amargar a dor contida, e isso, sozinho!

É certo que esses momentos passam. Nenhuma dor é pra sempre. Mas nunca conheci alguém que não passasse por eles. Cada um do seu jeito...Uns de forma tão contida, que ninguém à sua volta percebe; outros tentando manter a pôse, uma hora acabam desabando na frente de todo mundo...

Viver não é fácil! O fardo é pesado,cansa,enfraquece...,mas graças a Deus, se quisermos, podemos arriar a bagagem no chão, dispensar alguns pesos desnecessários, tomar um pouco de água fresca e depois seguir em frente nossa longa jornada.
Se hoje for um daqueles dias pra você, viva-o como puder crendo que amanhã será outro dia; melhor ou, no mínimo, menos pior. Deus nunca nos abandona, nem mesmo "naqueles dias."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"O Amor reconforta como o sol depois da chuva." (William Shakespeare)



 Há algum tempo, ganhei de uma amiga um lindo calendário. Este possui em cada uma de suas doze páginas, além das datas correspondentes àquele mês, uma bela paisagem e um provérbio ou frase para reflexão. Atualmente este calendário não é mais útil para marcar as datas, pois já se encontra desatualizado, porém faço questão de guardá-lo pelo valor sentimental que tem para mim,já que é uma lembrança da amiga que me presenteou e pelas frases que ele contém.

À esta hora, o (a) leitor (a) já deve supor que a frase de Shakespeare usada como título deste texto, provém do calendário. De fato! Trata-se de uma das minhas frases preferidas.Só em lê-la sinto um doce reconforto. Fechando os olhos posso até sentir o cheiro da terra molhada após um longo e assustador temporal. Me imagino abrindo as janelas; uma brisa suave entrando e os primeiros raios de sol surgindo. Um sol que vem mostrar que o perigo se foi, a tormenta passou e a paz voltou a reinar!

Esta frase também me faz lembrar de uma terrível tempestade que enfrentei em minha vida; do medo, solidão e profunda tristeza que senti naquele momento.
Quando se está no meio da tormenta é quase impossível imaginar e crer que a bonança virá e que o sol voltará a brilhar trazendo de volta a esperança. Em algumas situações o sofrimento e a dor são tão intensos que parecem ser eternos; sentimos que ninguém pode nos ajudar e não temos certeza se poderemos escapar inteiros dessa.

Graças a Deus a tempestade, a noite e o choro (Sl 30:5) não duram para sempre.No momento certo o sol nasce e nossa alegria renasce. Tudo graças ao amor leal do nosso Senhor! Este amor restaurou meu coração e transformou as circunstâncias à minha volta, então eu pude ver que o Senhor esteve comigo o tempo todo mesmo quando eu não podia ver ou crer com tanta intensidade como gostaria.

Hoje ao ler “O amor reconforta como o sol depois da chuva”., penso em tudo o que Deus fez por mim e faz por todos os que crêem nele. Seu amor é o sol que rompe nossa noite, que faz cessar nosso choro, que dissipa a tempestade e nos restaura a paz.
Independente da intensidade da chuva e dos estragos que ela tenha causado, eu e você podemos e precisamos crer que o sol da justiça voltará a brilhar em nossas vidas restaurando e reedificando os muros derrubados, aquecendo nossos corações, transformando angústia em paz; tristeza em alegria.
Que amor de Deus volte sempre a brilhar sobre nós como o sol depois da chuva!



Em Cristo,

Vanessa Lima

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Como será o amanhã?


Outro dia após ler Mateus 6:25 à 34,comecei a pensar sobre a ansiedade. Nesse trecho da Palavra de Deus, Jesus orienta seus discípulos a não andarem ansiosos com as questões da vida, sobre o que comer ou vestir, pois o Pai celestial nos dá todas essas coisas. Refletindo sobre o que eu tinha acabado de ler, decidi procurar no dicionário qual é o significado da palavra ansiedade, mesmo tendo em mente um conceito a esse respeito.Um dos significados que o MiniDicionário Silveira Bueno atribui à ansiedade é "incerteza aflitiva".Destaquei este significado porque achei que ele traduz bastante a origem desse sentimento. A ansiedade gera em nós uma preocupação com o futuro, com o que vamos fazer amanhã,ou como faremos, quando faremos...etc. Como não sabemos o que nos espera a cada dia,não temos o controle sobre as situações;sentimos medo,aflição, o coração dispara e a mente não pensa em outra coisa a não ser no objeto de nosso anseio.O futuro,algo que não podemos prever e nem mesmo controlar, nos traz por meio da ansiedade uma "incerteza aflitiva", porém nutrir tal sentimento só nos faz mal.

"Qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?" (Mateus 6:27)
 
Com esta pergunta Jesus nos mostra o quanto somos pequeninos e incapazes de controlar nossa vida. Penso que precisamos desistir de querer manter esse controle sobre o que há de vir e passarmos a depender mais de Deus, vivendo um dia de cada vez e confiando em seu perfeito amor que provê todas as coisas de que necessitamos.

Opiniões, críticas, sugestões? Deixe seu comentário registrado aqui. Leio e respondo.

sábado, 8 de maio de 2010

Te Vejo Poeta

Este vídeo eu montei em cima da música "Te vejo poeta" interpretada por João Alexandre. A canção expressa muito bem a mensagem que pretende passar e por isso dispensa meus comentários. Espero que gostem. Comentem!

"Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos".
(Salmo 19:1)


quarta-feira, 24 de março de 2010

"Nóis mudemo"

O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto Nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob o luar generoso, o cerrado verdejante era um presépio, toda poesia e misticismo.
Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tão banal... Tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que o pano de fundo de um drama estúpido e trágico.

As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.
- Por que você faltou esses dias todos?
- É que nóis mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda. Risadinhas da turma.
- Não se diz "nóis mudemo", menino! A gente deve dizer: nós mudamos, tá?
-Tá, fessora!
'No recreio, as chacotas dos colegas: Oi, nóis mudemo! Até amanhã, nóis mudemo! No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações.
- Pai, não vô mais pra escola!
- Oxente! Módi quê?
Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse:
- Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da mininada! Logo eles esquece.
Não esqueceram.

Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Aí me dei conta de que eu nem sabia o nome dele.
Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lúcio - Lúcio Rodrigues Barbosa. Achei o endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. O rapazola tinha partido no dia anterior para a casa de um tio, no sul do Pará.
- É, professora, meu fio não aguentou as gozação da mininada. Eu tentei fazê ele continua, mas não teve jeito. Ele tava chatiado demais. Bosta de vida! Eu devia di té ficado na fazenda côa famia. Na cidade nóis não tem veis. Nóis fala tudo errado.
Inexperiente, confusa, sem saber o que dizer, engoli em seco e me despedi.

O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte.
Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar o ônibus, quando alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia.
- O que é, moço?
- A senhora não se lembra de mim, fessora?
Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.
- Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde? Foi meu aluno? Como se chama?
Para tantas perguntas, uma resposta lacônica:
- Eu sou "Nóis mudemo”, lembra?
Comecei a tremer.
- Sim, moço. Agora lembro, Como era mesmo seu nome?
- Lúcio - Lúcio Rodrigues Barbosa.
- O que aconteceu com você?
- O que aconteceu ? Ah! fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu . Comi o pão que o diabo amasso. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui bóia fria, um "gato" me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata. Lá trabaiei como escravo, passei fome, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanto é doença. Até na cadeia já fui para. Nóis ignorante às veis fais coisa sem querê fazé. A escola fais uma farta danada. Eu não devia de té saído daquele jeito, fessora, mas não aguentei as gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui fala direito. Ainda hoje não sei.
- Meu Deus!

Aquela revelação me virou pelo avesso. Foi demais para mim. Descontrolada comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei o rapaz, o que restava do rapaz, que me olhava atarantado.
O ônibus buzinou com insistência.
- O rapaz afastou-me de si suavemente.
- Chora não, fessora! A senhora não tem curpa.
Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu!

Entrei no ônibus apinhado. Cem olhos eram cem flechas vingadoras apontadas para mim. O ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.

Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos, mudamos, mudaamoos, mudaaamooos... Super usada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna - a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmãos e colegas
- e se torna o terror dos alunos. Em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.
E os lúcios da vida, os milhares de lúcios da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: "Não é assim que se diz, menino!" Como se o professor quisesse dizer: "Você está errado! Os seu s pais estão errados! Seus irmãos e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu ! Você não seja você! Renegue suas raízes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra!"

E siga desarmado para o matadouro!


(BOGO, Fidêncio. O quati e outros contos. Palmas-To, 2002)

Sob Influência da Faculdade de Letras

Há duas semanas iniciei meus estudos na faculdade de letras e como todo (a) calouro (a) que se preze, estou bastante entusiasmada.
É verdade o que me disseram: que a unversidade alarga nossa visão; muda nossa forma de pensar. De fato o ensino acadêmico se conduz de forma a nos tornar capazes não só de absorver o conhecimento, mas também questionar e repensar aquilo que nos está sendo proposto em sala de aula. Construindo assim, em nós uma visão crítica que nos torna capaz de interagir com o mundo do conhecimento ao invés de sermos meros ouvintes passivos.
Bom...diante de tantas possibilidades e novos horizontes que surgem, me sinto muito motivada a compartilhar com os outros as experiências e conhecimentos que irei adquirindo ao longo do curso.Para isso,pretendo postar aqui no blog textos de outros autores, além de me aperfeiçoar na escrita e aos poucos ir postando alguns textos de minha autoria.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Para Começar...

Desde de Dezembro do ano passado quando criei este blog,ainda não tinha conseguido postar nenhum conteúdo nele, exceto uma frase: "Blog em construção!" Foi um jeito de justificar a falta de conteúdo na página aos navegantes que por acaso viessem ancorar neste porto deserto(risos) e uma forma também de ganhar tempo e buscar inspiração para montar o conteúdo que fosse relevante.
Bom...depois de 2 meses sem postar nada, resolvi hoje escrever algo,qualquer coisa(no bom sentido).Conteúdo relevante? não sei se posso chamar assim meus posts, afinal eu mesma não poderia avaliar meu próprio blog; esta é uma tarefa daqueles vão passar por aqui.

Creio que demorei pra começar a escrever também,porque sou muito exigente com aquilo que faço; gosto de ser perfeccionista, fazer algo que seja realmente bom.
Admito que não quis postar um conteúdo que só fosse relavante à mim; isso seria como escrever um Diário pessoal e deixá-lo jogado na rua, mas ninguém querer ler porque não interessa (risos...terrível).Apesar de todos esses motivos, hoje estou aqui escrevendo, pois o dificíl é começar, depois a coisa vai fluindo e melhorando e mesmo que meu diário não seja interessante hoje, quem sabe daqui a algum tempo ele se torne,né?!

Sejam Bem-vindos! Comentem! ahhh...(é inevitável)Critiquem!