domingo, 8 de abril de 2012

Sobre escrever...

Escrevo para compartilhar alegrias, dores, anseios, ideias...
A experiência ganha novo valor quando é compartilhada.
Não que eu saiba alguma coisa ou tenha alcançado certo grau superior de conhecimento que deva passar para outros, mas tudo que experimento com a vida ganha mais sentido e valor quando o outro acha identificação na minha dor, alegria, ansiedade.
Penso que quando falo/escrevo também me ouço, me conheço.

sábado, 7 de abril de 2012

Enquanto o tempo acelera e pede pressa, muita coisa fica para trás


Quando eu era criança sentia que o tempo corria tão devagar, exceto quando estava me divertindo muito. Mas até nos momentos felizes, nos quais geralmente sentimos o tempo voar, na minha infância ele não passava tão rápido como hoje.

Lembro que, quando cheguei à adolescência, as ansiedades começaram a surgir, ou melhor, a aumentar. Assim, desejava que o tempo, ora voasse pra que eu logo me tornasse o que haveria de ser, ora se arrastasse para que eu jamais perdesse meus amigos, minha família, meu tempo! Como o tempo nunca foi algo que pudesse ser controlado totalmente, ele foi passando, cada vez mais rápido e as minhas ansiedades íam se multiplicando na mesma proporção.

Depois cheguei aos 18 anos, depois aos 19, depois aos 21... e já me diziam adulta. E a sensação de ainda não estar pronta ou não ser alguém com maturidade compatível com a idade que tinha permanecia e permanece até hoje. Vi meus amigos adquirirem coisas: faculdade, trabalho, relacionamentos, tristezas, alegrias, decepções; abrirem mão de outras: sonhos, relacionamentos, comunhão, ministério. Senti que não tinham mais tempo para as nossas conversas e nossos devaneios sobre o futuro e o presente. Fiquei triste, angustiada! Passei a ter medo do tempo. Não queria ser alguém ocupada o tempo todo ou fazendo algo que só me canssasse, nem queria abandonar as prioridades que tinha naquele momento, pois houve um dia em que "a gente chegou a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba."

Já que o pra sempre sempre acaba, logo chegou minha vez de adquirir as obrigações da vida adulta. Faculdade, trabalho, dever de lutar por uma condição social melhor, ser alguém na vida.Comecei a correr de um lado para outro como fazem milhares de brasileiros todos os dias pela manhã cedinho para pegar a condução; dormir em pé nos trens lotados; chegar muito tarde e cansada em casa a ponto de não conseguir pensar em nada a não ser em dormir ou nas obrigações do dia seguinte.
Guardei meu teclado, vendi.Para o violão não tenho tempo. Para meus amigos..., família..., para Deus...sempre a mesma desculpa: Quase não tenho tempo; estou muito cansada; tenho trabalho da faculdade; marcamos outro dia, outro dia eu leio, outro dia eu oro.
Os dias passam voando, no piloto automático eu trabalho, estudo, falo com pessoas, almoço, janto, telefono. Quando recosto a cabeça no travesseiro, sinto. Me sinto. Saio do automático e percebo e falta que as pessoas me fazem; a falta que sinto de Deus, da minha família, da música.
Bate um desespero, uma angústia; preciso voltar, preciso parar.
A única pessoa que pode me salvar de tudo isso que construí com as próprias mãos sob o alicerce da minha auto-suficiencia é Deus.

Respiro fundo e penso no que Jesus disse:
"Portanto eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa? Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?
Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?" 
(Mateus 6:25-27)
A palavra de Deus é o que por diversas vezes me traz de volta, nos traz de volta.
Desacelerar o coração é preciso e Jesus quer nos ensinar isso a cada dia. Não é fácil, mas podemos nos sentar ao seu redor e ouví-lo como eternos aprendizes daquele que foi, é e sempre será "nosso refúgio e fortaleza; socorro bem presente na hora da angústia." (Sl 46:1)


Vanessa Lima Paula